O secretário-geral da Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA, na sigla em inglês), Wamkele Mene, elogiou hoje a competitividade de Cabo Verde na economia digital e os serviços, nomeadamente farmacêuticos, apontando estes setores para tirar proveito do acordo.
“Estas são áreas que acredito que Cabo Verde já deu passos para criar competitividade, e com a competitividade que o Governo trabalhou muito ao longo dos anos para construir, nas tecnologias digitais e no setor dos serviços, há um mercado enorme de benefícios”, apontou Wamkele Mene, na cidade da Praia.
O responsável está em Cabo Verde, na sua primeira visita oficial, para contactos com as autoridades cabo-verdianas, o setor privado e a sociedade civil, sobre o essencial dos progressos em curso, no quadro do estabelecimento do Secretariado da AfCFTA.
Em declarações à imprensa após um encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Integração Regional cabo-verdiano, Rui Figueiredo Soares, o secretário-geral disse que o acordo comercial deve ser visto no sentido de como o país vai combinar essa competitividade e a expansão para novos mercados.
Wamkele Mene sublinhou que o texto prevê benefícios especiais para os pequenos Estados insulares, como Cabo Verde, que tem reclamado um tratamento especial nos diversos fóruns internacionais, assim como para os que enfrentam outros desafios para o acesso aos mercados.
“Mas acho que o aspeto mais importante é como vamos fazer para que todos os países beneficiem, quer sejam grandes ou pequenos países, com ou sem litoral, indo além do que está no texto legal”, explicou, salientando a importância da conectividade e da inclusão para ultrapassar os desafios que o continente enfrenta para fazer negócios.
Estabelecida em 2018, a AfCFTA reúne 55 economias africanas, com uma população de 1,3 mil milhões de habitantes e um PIB combinado de 3,4 triliões de dólares. Por área geográfica e número de países participantes, constitui a maior zona de comércio livre desde a criação da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Através desta Zona, os países africanos estão a construir um mercado continental único de bens e serviços, facilitado pela circulação de capitais e pessoas, lançando assim as bases para o estabelecimento de uma União Aduaneira Continental. Outros objetivos incluem a promoção do desenvolvimento sustentável e inclusivo, o desenvolvimento industrial e a diversificação.
Cabo Verde está entre os Estados-membros da União Africana que assinaram o Acordo AfCFTA em 2018 e depositou os instrumentos de ratificação na União Africana em fevereiro último, tornando o 41.º país a fazer parte do acordo.
Wamkele Mene considerou o acordo um “passo extraordinário” no continente e avançou que está em Cabo Verde para discutir com as autoridades locais como poderão beneficiar, ver os desafios, os riscos e que passos concretos podem dar juntos para a sua efetivação.
Rui Figueiredo Soares, disse que a visita do secretário-geral da AfCFTA ao país representa um “momento especial”, garantindo que Cabo Verde está a fazer tudo para tirar o máximo proveito da sua localização.
Garantindo que o arquipélago quer participar “de forma ativa” no acordo, o ministro referiu que os poderes públicos devem criar as condições, por exemplo em relação aos transportes áreas e marítimos, mas entendeu que o setor privado vai ter uma “implicação muito forte”.
“Mas sem um setor privado perfeitamente engajado, nós dificilmente poderemos dar passos significativos nesta matéria”, afirmou o chefe da diplomacia cabo-verdiana, dizendo que o país deposita “muitas expectativas” neste acordo de livre comércio em África.
Por: Lusa