A União Europeia vai ajudar Cabo Verde com cerca de 140 milhões de euros para o país investir nas renováveis e na melhoria das infraestruturas portuárias, grande parte sob a forma de subvenção, avançou fonte oficial.

informação foi avançada à imprensa pela Embaixadora da União Europeia em Cabo Verde, Carla Grijó, no final da segunda Conferência Internacional de Parceiros (CIP), que o Governo organizou na ilha da Boa Vista, indicando que o apoio vai ser no âmbito da iniciativa europeia Global Gateway (Portal Global).

A iniciativa pretende apoiar os países africanos parceiros na sua recuperação económica pós-covid-19 em áreas que coincidem com a agenda europeia, como a transformação energética, transição energética, transformação digital e melhoria da conectividade.

No caso de Cabo Verde, Carla Grijó avançou que o montante vai ser destinado a dois setores considerados estratégicos, nomeadamente as energias renováveis e a conectividade, mais concretamente a melhoria das infraestruturas portuárias.

O valor, prosseguiu, vai ser repartido entre uma subvenção da União Europeia, que poderá atingir 40 a 45 milhões de euros, e que não cria dívida para o país, enquanto o Banco Europeu de Investimento vai ofereça a restante parte do investimento em empréstimos com condições muitos bonificadas.

“Estes dados são ainda indicativos, estamos otimistas, o processo de decisão europeu é um processo relativamente longo, está a correr bem, mas ainda não podemos afirmar que esses são valores finais”, esclareceu a embaixadora da União Europeia, um dos parceiros tradicionais de Cabo Verde presentes na conferência.

Grijó indicou que essa nova ajuda vem juntar-se ao ciclo de programação em curso no país, de 36 milhões de euros, com apoio direto ao Orçamento de Estado, bem como programas com a sociedade civil e em diversas áreas.

Os novos montantes deverão ser usados durante a vigência do Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável (PEDS II — 2022 — 2026), aprovado em 2022, e que foi apresentado aos parceiros durante os dois dias.

A conferência decorreu sob o lema “Impulsionar mudanças e acelerar o desenvolvimento”, e contou com a presença, física e virtual, de todos os principais parceiros de desenvolvimento de Cabo Verde, quer públicos e privados, nacionais e internacionais.

Durante o evento, o Governo esperava mobilizar 2.000 milhões de euros para implementar os instrumentos do PEDS II, cuja previsão de financiamento total é de 5.000 milhões de euros, mas no final do evento não foi avançado se esse montante foi mobilizado ou não.

O PEDS II preconiza um crescimento económico médio anual não abaixo de 5%, a erradicação da pobreza extrema até 2026, a redução da pobreza absoluta e a redução das assimetrias regionais, reforçando a coesão territorial e a coesão social.

O plano pretende cumprir os objetivos estratégicos de Cabo Verde, nomeadamente garantir a recuperação económica, a consolidação orçamental e o crescimento sustentável, promover a diversificação e fazer do país uma economia de circulação localizada no Atlântico médio.

Cabo Verde está a recuperar de uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística – setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago – desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19.

Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento de 7% em 2021 impulsionado pela retoma da procura turística e no ano passado recuperou totalmente dessa quebra, com a economia a crescer 17,7%, impulsionada pelo turismo, de acordo com dados das Contas Trimestrais do Instituto Nacional de Estatística (INE).

Por: Lusa