União Africana disse estar “estar francamente alarmada” com as declarações de Donald Trump

562

A União Africana disse hoje “estar francamente alarmada” com as declarações do Presidente norte-americano nas quais “usa linguagem vulgar” para questionar porque é que os Estados Unidos devem aceitar mais imigrantes de países africanos e do Haiti.

 

A porta-voz da União Africana, Ebba Kalondo, considerou as declarações de Donald Trump inaceitáveis tendo em conta a realidade histórica e a quantidade de africanos que chegou aos Estados Unidos como escravos.

“Isto é particularmente surpreendente, já que os Estados Unidos da América continuam a ser um exemplo global de como a migração deu origem a uma nação baseada em valores fortes de diversidade e oportunidade”, destacou.

Ebba Kalondo disse “acreditar que esta declaração prejudica os valores globais partilhados sobre diversidade, direitos humanos e compreensão recíproca”.

De acordo com a Associated Press, os governos africanos estão “numa posição embaraçosa e têm evitado criticar as declarações de Donald Trump, uma vez que beneficiam de ajuda dos Estados Unidos.

O Presidente dos Estados Unidos recorreu ao calão, com a expressão “shithole countries”, depois de dois senadores lhe terem apresentado um projeto de lei migratório ao abrigo do qual seriam concedidos vistos a alguns cidadãos de países que foram recentemente retirados do Estatuto de Proteção Temporária (TPS, na sigla em inglês), como El Salvador, Haiti, Nicarágua e Sudão.

O TPS é um benefício concedido pelos Estados Unidos a imigrantes indocumentados, que não podem regressar aos países devido a conflitos civis, desastres naturais ou outras circunstâncias extraordinárias, permitindo-lhes trabalhar no país com uma autorização temporária.

Donald Trump sugeriu, na réplica, que os Estados Unidos deviam atrair mais imigrantes de países como a Noruega, com cuja primeira-ministra se reuniu na véspera.

Anualmente, cerca de 50 mil pessoas entram no país através desse programa que abre caminho à cidadania norte-americana e que beneficia maioritariamente países de África.

Fonte: RTP