Victor Osório: “Estamos serenamente em processo de reflexão sobre o futuro do seleccionador”

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No passado sábado a selecção de Cabo Verde perdeu em casa com a selecção da Líbia por 1-0 num jogo que apenas a vitoria daria acesso à fase final do Campeonato Africano das Nações. Depois do jogo o publico vaiou e cantou a favor da saída do seleccionador nacional, Beto Cardoso. Entrevistamos, em exclusivo, o presidente da Federação Cabo-verdiana de Futebol (FCF), Victor Osório, e este disse que oportunamente a FCF irá pronunciar-se sobre o futuro do seleccionador nacional dos Tubarões Azuis. DTudo1Pouco: Apenas uma vitoria (por 1-0) bastava para que Cabo Verde chegasse ao CAN 2017. A critica notou que não houve empenho dos jogadores (dois remates em 90′), também sentiu isso? Victor Osório: No futebol, como tudo na vida, quando os resultados preconizados não são os esperados é porque algo não correu bem. Quando assim é, devemos assumir, humildemente, as nossas responsabilidades e introduzir alterações necessárias para que a equipa volte a ganhar e recuperar a confiança dos cabo-verdianos. No caso do jogo com Libia não fomos capazes de demonstrar toda a nossa proeza e capacidade técnica que já vínhamos habituando os nossos apoiantes. DTudo1Pouco: Como cabo-verdiano e adepto dos Tubarões Azuis como se sente? Victor Osório: Triste, multo triste mesmo. Sempre acreditei que estaríamos no CAN2017, porque tínhamos, nesta altura, quase essa obrigação de qualificar como um dos melhores segundos classificados, em função da prestação da nossa equipa e da conjugação de resultados dos outros grupos. DTudo1Pouco: Depois do jogo, na sala se imprensa, o capitão Marco Soares disse que os jogadores sofrem muito para representar a selecção e por exemplo há jogadores que já foram (de boleia) na carroçaria do carro da policia para os jogos. Confirma? Victor Osório: Os jogadores, ao longo dos tempos, têm feito muito pela selecção e nalguns casos com sacrifício pessoal e familiar; por isso é-lhe devido o nosso respeito, pois não desaprenderam de fazer o que sabem. DTudo1Pouco: Como é que um cão entra num estádio num jogo de tamanha importância? Já se sabe quem foi o responsável por deixar o animal entrar? Victor Osório: A entrada do cão foi um incidente grave! Não podemos imputar responsabilidades a quem quer que seja, até porque não estamos em condições de o fazer, por falta de prova! A FCF paga para jogar no Estádio Nacional, mas não faz a gestão do Estádio. Cabe a gestão do estádio garantir que, num determinado perímetro do estádio, não circulem animais, para segurança dos utentes. A FCF organiza o jogo. Através de porteiros, a FCF faz o controlo de bilhetes para o acesso das pessoas ao recinto desportivo e tem, igualmente, uma equipa de protocolo nas bancadas para encaminhar as pessoas até aos seus respectivos lugares. A segurança e paz social (dentro e fora do estádio e ainda o transito) são garantidas pela Policia Nacional (reforçada pelas Forças Armadas), cujo contingente é por eles determinado e nunca houve qualquer reporte de actos de violência. Tudo o mais referente ao Estádio é da sua responsabilidade, tanto mais que é a própria administração do estádio que gere as câmaras de vigilância, aluga os bares, os espaços para publicidade estática dos seus patrocinadores (quando era suposto o campo ser “nosso” para o jogo) e indica-nos onde os nossos patrocinadores devem colocar os seus painéis publicitários. DTudo1Pouco: A FCF não precisa marcar mais jogos amigáveis para que a equipa “conheça-se” melhor? Já que os jogadores só estão juntos nos jogos oficiais. Victor Osório: Não temos feito jogos amigáveis decorrente do facto de, nas datas indicadas pela FIFA, temos tido jogos oficiais para a CAN e qualificação para o Mundial; agora, infelizmente, com a nossa não qualificação para o CAN2017, vamos ter datas disponíveis pela FIFA, para isso. DTudo1Pouco: Qual é o futuro do seleccionador Beto Cardoso? Victor Osório: Estamos serenamente em processo de reflexão. Oportunamente, pronunciaremos, publicamente, sobre isso. DTudo1Pouco: Vale mesmo a pena fazer uma aposta séria na selecção principal com poucos recursos financeiros onde não há dinheiro nem para fazer um amigável quanto mais apostar nas camadas jovens? Não era antes, preferível, apostar no futebol interno, sobretudo na formação? Victor Osório: Essa aposta na formação vem sendo feita (caso contrário não teríamos o lote de jogadores que temos) e isso não invalida a participação internacional da nossa selecção; não podemos voltar para trás ou parar. DTudo1Pouco: Que mensagem para quem apoia a selecção de Cabo Verde quer deixar? Victor Osório: Que agora, mais do que nunca, apoiem a selecção! A equipa e os jogadores estão lá e são os mesmos que já deram muitas alegrias ao Pais! É apenas uma fase má que estamos a atravessar e que, seguramente, vai ser revertida.